DAAD promove seminário sobre os 200 anos de imigração alemã no Brasil
Em seu discurso de boas-vindas, a Diretora do DAAD no Brasil e do DWIH São Paulo, Katharina Fourier, refletiu sobre os desafios da imigração alemã ao Brasil no passado e as oportunidades que surgem no presente, destacando a língua como um legado do processo migratório que deve ser preservado: “A diversidade linguística que surge da migração e do intercâmbio cultural é um enriquecimento, mas também um desafio. Como podemos garantir que essas línguas não sejam apenas preservadas, mas também ativamente utilizadas e valorizadas? E qual é o papel de programas como os do DAAD, que promovem o intercâmbio entre Alemanha e Brasil?”
O Vice-Cônsul da Alemanha no Rio de Janeiro, Joachim Schemel, também esteve presente e em seu discurso destacou a importância da construção de uma memória narrativa para nos compreendermos. Paralelamente ao seminário foi exibida a exposição “Jornada para o Brasil: História das migrações dos povos de língua alemã”, organizada pelo Instituto Martius Staden.
A ex-bolsista e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Mônica Savedra, fez a palestra de abertura do seminário sobre o tema “Conexões Culturais e Linguísticas”. Em sua fala a pesquisadora enfatizou que o Brasil é um país plurilíngue. Para um de seus exemplos usou dados do Censo de 2010, que investigou pela primeira vez o número de etnias indígenas existentes no Brasil – comunidades definidas por afinidades linguísticas, culturais e sociais. Segundo Savedra, foram identificadas 305 etnias e 274 línguas indígenas nesse levantamento. Além delas, existem no Brasil as seguintes categorias: línguas de imigração, línguas afro-brasileiras, línguas de sinais, línguas crioulas e variedades do português. Do total de 56 línguas de imigração, 13 são germânicas, como o pomerano e o hunsriqueano.
A compreensão dessas variedades germânicas e seu uso nas escolas foram abordados na palestra “Educação Plurilíngue em Contexto de Migração” por Reseda Streb, Coordenadora de Fomento à Língua Alemã do DAAD no Brasil. Ela apresentou a experiência de aulas bilíngues português-pomerano e dados colhidos em um teste de intercompreensão em uma escola do Espírito Santo. Para Reseda, a escolha do ensino de uma língua na escola é uma decisão política: “A educação plurilíngue nesse contexto de migração valoriza a língua minoritária, ou seja, a língua de migração como recurso válido na sala de aula e melhora o acesso desse grupo de alunos ao sistema de ensino do local”.
As palestras foram seguidas de uma mesa-redonda sobre “Migração, Cultura e Identidade”, com a participação dos ex-bolsistas Anelise Gondar, professora adjunta do Depto. de Letras Estrangeiras Modernas da UFF, que abordou o tema “A Alemanha como alvo da migração brasileira”; Bernardo Limberger, professor de graduação e pós de Letras da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com o tema “Repertórios linguísticos de falantes de línguas de imigração”; Paulo Soethe, docente da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e UFF, com “Depois do Jubileu: desregionalização e ressignificação da pesquisa sobre a presença alemã no Brasil”; e, por fim, Rosane Neumann, historiadora e professora visitante no Programa de Pós-Graduação em História na Universidade Federal do Rio Grande (PPGH/FURG), que falou sobre “Colonizadora Meyer: um empreendimento capitalista e/ou um projeto de colonização em prol da germanidade no Rio Grande do Sul (1898-1932)”. O debate foi mediado pelo coordenador do Centro Alemão de Ciência e Inovação São Paulo (DWIH São Paulo) Márcio Weichert, e marcou o encerramento do evento.