DAAD Brasil lança livro de entrevistas para celebrar seus 50 anos
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Atuantes em diversas áreas do conhecimento, os entrevistados relatam sobre instigantes projetos de pesquisa, experiências de intercâmbio e desdobramentos do trabalho em cooperação, formando um panorama que deixa evidente a importância das universidades e agências de fomento para a produção do conhecimento, bem como para a construção de uma sociedade mais igualitária e inclusiva. O mosaico de saberes apresentado no livro serve de inspiração para as futuras gerações bolsistas do DAAD.
No processo de escolha dos entrevistados entre tantas biografias inspiradoras, foram seguidos critérios alinhados com a defesa de uma educação diversa, inclusiva e capaz de colaborar para a justiça social. São representadas todas as áreas do conhecimento, bem como as cinco regiões do Brasil. O equilíbrio no número de mulheres e homens também foi levado em consideração – em conversas com pesquisadoras, no entanto, fica nítido que ainda há muito a ser feito para promover uma maior igualdade de gênero no universo acadêmico.
Outro desejo era ver representada na publicação a diversidade racial brasileira e nessa busca o DAAD lidou com reflexos de questões estruturais da educação no país que apresentam enormes desafios. A grande maioria de ex-bolsistas brasileiros do DAAD é formada por pessoas brancas, com uma notável concentração nas regiões Sudeste e Sul. Junto com os 50 anos do DAAD Brasil, em 2022, completam-se dez anos da Lei de Cotas nas universidades federais brasileiras. Ainda que sejam palpáveis os avanços decorrentes dos esforços de reparação frente à histórica exclusão da população negra brasileira do acesso à educação, não se pode afirmar que eles já se reflitam na proporção de pesquisadores negros entre os financiados pelo DAAD. Relatos como os de Ellen Deuter, Hiaman Santos, Irene Alleluia e Jessica Oyie dão certeza de que é preciso trabalhar mais em prol de um fomento à pesquisa igualitário.
Em busca de maior diversidade entre os bolsistas
Os esforços nesse sentido se alinham com objetivos traçados na “Estratégia 2025” do DAAD, que embasam a atuação da agência em nível global. Reconhecendo que o pleno acesso ao ensino superior é essencial para garantir a igualdade de oportunidades, a estratégia firma o compromisso de ampliar a participação de grupos sub-representados entre os beneficiários de financiamento do DAAD. O objetivo geral de identificar e apoiar indivíduos com grande potencial no mundo todo deve levar em devida consideração as origens e contextos socioculturais desiguais.
A publicação também apresenta alemães que trabalham em cooperação com o Brasil e contribuem para a construção conjunta de conhecimento. Nessa ponte entre continentes, os dois lados vivenciam as diferenças interculturais inerentes ao intercâmbio e têm a oportunidade de aprender com elas. Reside aí uma das mais importantes contribuições do DAAD: ao financiar a mobilidade física de seus bolsistas, a organização colabora concretamente para a construção de uma sociedade mais tolerante. Nesse contexto tem especial relevância o fomento do DAAD às políticas de integração de refugiados nas universidades alemãs. Em 2015 a agência lançou um pacote abrangente e de longo prazo com medidas para apoiar as instituições de ensino superior na tarefa não apenas de ntegrar, mas de abrir perspectivas para estudantes e pesquisadores refugiados. Até 2021, o Ministério Federal da Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF) reservou anualmente cerca de 27 milhões de euros para diferentes programas voltados para refugiados. Naturalmente, em 2022 o grande fluxo de ucranianos em busca de refúgio na Alemanha também resultou no investimento em medidas de integração nas universidades.
Fomento do DAAD: das bolsas individuais à pesquisa conjunta
A leitura da publicação revela, ainda, a diversidade dos programas do DAAD, sejam de bolsas individuais (do mestrado ao pós-doutorado), sejam de fomento à pesquisa conjunta. Nesse segundo caso, destaca-se o programa Probral, criado em 1994 e, assim, o mais antigo fruto da parceria entre o DAAD e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Já o fomento ao idioma alemão aparece não apenas nas entrevistas com pesquisadores da área, como também em um registro sobre o programa de professores visitantes de língua alemã, alocados pelo DAAD em diversas universidades federais brasileiras para atuar nos departamentos de Letras-Alemão.
Por fim, mas não menos importante, é apresentado também o trabalho do Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH) São Paulo, que é gerido pelo DAAD desde 2017. Enquanto o DAAD celebra 50 anos no Brasil, o DWIH comemora dez anos de sua inauguração – números exatos que guardam histórias de incontáveis pontes construídas entre Brasil e Alemanha nas diversas áreas do conhecimento.